Este espaço comunicativo foi pensado com o propósito de facultar a todos os interessados um conjunto de reflexões e recursos didácticos relativos ao ensino das disciplinas de Filosofia e Psicologia, acrescentado com alguns comentários do autor.

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Segunda-feira, 15 de Junho de 2009

O maior cego é aquele que não quer ver...

 

Mais de um ano depois, o texto mantêm-se actual...  

 

    Vive num “país das maravilhas”, que só existe na cabeça dele. Não passa de um burocrata, ou de um tecnocrata, sem destino, nem visão. É cinzento, baço, previsível, medíocre. Falo, evidentemente, de Sócrates, mais precisamente, do que dizem dele os “comentadores” de toda a parte e de toda a espécie. Mas, sem discordar no essencial, acho que nenhum deles conseguiu ainda perceber bem como o homem funciona. Ora, a última entrevista foi um óptimo exemplo da maneira como ele vê o mundo e se vê a si mesmo. Basta pensar no que ele disse, e principalmente no que não disse, sobre educação, um assunto sobre que sempre se interessou e uma “área” de governo em que se orgulha de ter feito grandes reformas. Nada melhor do que o seguir de cada argumento a cada conclusão para chegar ao retrato do verdadeiro Sócrates.

     Para começar, lembrou logo que sem ele não haveria aulas de substituição, como na “Europa” inteira. Sobre a importância, a utilidade e o efeito da coisa, nem uma palavra. Manifestamente, achava a medida “certa” ou, se quiserem, “correcta” e o resto não lhe interessava. A seguir, veio o encerramento de escolas rurais quase sem alunos, outra medida “certa” e “correctíssima”. Mas nem uma palavra sobre a espécie de escolas para onde as crianças foram transferidas (professores, equipamento, instalações, dinheiro). Em terceiro lugar, com uma citação de Clinton a favor da “liderança”, apareceu inevitavelmente a gestão escolar. Só que Sócrates não se lembrou de explicar o objectivo dessa “liderança” (o autêntico problema, como se calculará) e nem sequer tocou no risco e nos limites da experiência (aliás, legalmente diluída) num país como Portugal. Para ele, a história acaba na medida. Como na medida acaba a introdução do Inglês (de resto, uma disciplina não obrigatória), sem qualquer reverência a quem e como o irá ensinar. E, por fim, o argumento para a avaliação dos professores ficou reveladoramente reduzido à bondade intrínseca da medida pela medida: é melhor uma avaliação má do que nenhuma.

     Sentado em São Bento, Sócrates não vê o país, vê a organização jurídica da “educação” (ou da saúde, ou da justiça) e um molho de estatísticas. Depois toma medidas, que julga aplicadamente pelo seu “bom senso” e pela sua racionalidade imediata, ou seja, superficial. Para ele, governar é “tomar medidas”. Imagina com certeza que, “tomando medidas”, reforma Portugal. A realidade não entra nesta história. Sem sair do seu mundo abstracto e asséptico, na televisão ou no Parlamento, Sócrates convence, até porque está sinceramente convencido. Mas cá fora, embora incomodado aqui e ali pela autoridade do Governo, Portugal continua igual ao que era.

 

Vasco Pulido Valente, Publicado no Jornal Público (24 de Fevereiro de 2008)

 


rotasfilosoficas às 14:53

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Segunda-feira, 1 de Junho de 2009

O que é ter uma vida boa?

 

«Como viver da melhor maneira possível? Esta pergunta parece-me muito mais substancial do que outras na aparência mais imponentes: «Tem sentido a vida? Vale a pena viver? Há vida depois da morte?» Olha, a vida tem sentido e sentido único; segue em frente, as cartadas não se repetem nem podem, habitualmente, corrigir-se. Por isso devemos reflectir sobre aquilo que queremos e reparar no que fazemos. Depois... conservar sempre a coragem diante do fracasso, porque a sorte também faz parte do jogo e ninguém pode acertar em todas as ocasiões. O sentido da vida? Primeiro, procurar não falhar; depois, tentar falhar sem desanimar. Quanto a sabermos se vale a pena viver, remeto-te para o comentário a esse propósito de Samuel Butler, um escritor inglês, muitas vezes irónico: «Isso é uma pergunta para ser feita a um embrião, não a um Homem.» Qualquer que seja o critério que escolhas para julgar se a vida vale a pena, terás que o ir buscar a esta mesma vida na qual estás mergulhado. Mesmo que rejeites a vida, fá-lo-ás em nome de valores vitais, de ideais e ilusões que aprendeste no ofício de viver. (...). Acredito que qualquer ética digna desse nome parte da vida e se propõe reforçá-la, torná-la mais rica. (...). E interessa-me que esta vida seja uma vida boa, não uma simples sobrevivência ou um constante medo de morrer. (...)
Porque viver não é uma ciência exacta, como as matemáticas, mas uma arte, como a música. Podem, da música, aprender-se certas regras e podemos ouvir o que os grandes compositores criaram, mas se não tiveres ouvido, nem ritmo, nem voz isso de pouco te servirá. Com a arte de viver acontece a mesma coisa. (...)
A vida boa não é algo de genérico, fabricado em série, mas só existe por medida. Cada um precisa de a ir inventando de acordo com a sua individualidade, única, irrepetível... e frágil. No que se refere ao bem viver, a sabedoria ou o exemplo dos demais podem ajudar-nos, mas não substituir-nos.»
 
Fernando Savater, Ética para um Jovem, Editorial Presença, pp. 117-118

rotasfilosoficas às 15:47

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