Domingo, 15 de Junho de 2008
Saramago não deixa de ser polémico. O prémio Nobel de 1998 proferiu ontem, no programa "Diga lá exclência", transmitido na RTP2, algumas das suas convicções e posições mais radicais, numa breve análise sobre o mundo, a política, a vida/morte e como gostaria de ser recordado. Aqui ficam dois excertos dessa entrevista:
“… eu não sou um exemplo do que é viver neste mundo. Sou um privilegiado. Mas não posso estar contente. O mundo é o inferno. Não vale a pena ameaçarem-nos com outro inferno porque já estamos nele. A questão é saber como é que saímos dele. […]
Gostaria de ser recordado como o escritor que criou a personagem do cão das lágrimas [Ensaio sobre a Cegueira]. É um dos momentos mais belos que fiz até hoje enquanto escritor. Se no futuro puder ser recordado como "aquele tipo que fez aquela coisa do cão que bebeu as lágrimas da mulher", ficarei contente. Se alguém procurar naquilo que eu tenho escrito uma certa mensagem, atrevo-me pela primeira vez a dizer que essa mensagem está aí. A compaixão dessa mulher que tenta salvar o grupo em que está o seu marido é equivalente à compaixão daquele cão que se aproxima de um ser humano em desespero e que, não podendo fazer mais nada, lhe bebe as lágrimas.”
15.06.2008, Maria José Oliveira (PÚBLICO) e Paulo Magalhães (Renascença)
Quinta-feira, 12 de Junho de 2008
Gilberto Gil foi, ontem (10.06.2008), o convidado de honra das comemorações dos 500 anos da cidade do Funchal (Praça do Município), onde apresentou alguns temas que figurarão no seu novo disco – “Banda Larga”, um álbum que combinará os ritmos nordestinos, como o baião, samba e a bossa-nova, com “sons” das novas tecnologias da informação e comunicação.
Depois de 50 álbuns editados, 12 discos de ouro, 5 de platina, 7 “Grammys” e mais de 4 milhões de discos vendidos por todo o mundo, o actual ministro da cultura brasileiro mostrou, mais uma vez, porque é uma das principais personalidades do panorama musical brasileiro. Isto é, mostrou todo o seu talento e recebeu do público os devidos e entusiásticos aplausos.
Miguel Alexandre Palma Costa
Terça-feira, 10 de Junho de 2008
O dia que hoje celebramos é o dia da língua portuguesa; ou melhor, o sentir, o ver, o escutar, o pensar e comunicar o mundo através deste idioma que é, no fundo, o que caracteriza a “alma” de ser português!
Se é verdade que a língua modela o nosso pensamento, também é verdade que ela molda todos os outros ângulos da nossa vida enquanto povo. Ora, Camões é o poeta que melhor expressa este sentir, pensar… e comunicar em português, pois ele ainda hoje nos “fala” como se estivesse presente e antecipasse o futuro desta nação que é Portugal. Vejamos o que nos diz o poeta...
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões