Este espaço comunicativo foi pensado com o propósito de facultar a todos os interessados um conjunto de reflexões e recursos didácticos relativos ao ensino das disciplinas de Filosofia e Psicologia, acrescentado com alguns comentários do autor.

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Terça-feira, 23 de Março de 2010

O que é a consciência moral?

 

«Os filósofos investigaram [...] em que sentidos se pode falar de uma voz da consciência e, sobretudo, qual é [...] a origem de tal “voz”. [...]

São Tomás [de Aquino] fala da consciência moral como um “espírito que corrige e orienta a alma”, espírito que indica se um acto é justo ou não. [...]

Filósofos modernos, como os empiristas ingleses [...] referiram-se à consciência moral como uma sanção correctora dos nossos actos (ou como a ideia antecipada de tal sanção). A partir de Wolff e Kant a consciência moral foi interpretada, cada vez mais, como uma faculdade que julga a moralidade das nossas acções.[...]

Vários autores [...] tenderam a identificar a consciência moral com o sentimento moral [...]. Mais recentemente a concepção da consciência moral seguiu fielmente as linhas gerais das correspondentes doutrinas éticas: [...] Os intuicionistas éticos basearam-na na chamada intuição moral; os utilitaristas definiram-na em função do bem-estar da maioria, etc. [...] Scheler considerou que a noção filosófica de consciência moral é um eco deixado pela crença religiosa [...].

Quanto às origens da consciência moral [...] encontramos as seguintes concepções:

1) A consciência moral pode ser concebida como inata. Neste caso, supõe-se que pelo mero facto de se existir, todos os homens possuem uma consciência moral [...].

2) A consciência moral pode ser concebida como adquirida. Pode considerar-se que se adquire pela educação a partir de potencialidades morais inscritas no homem [...] ou pode suportar-se que se adquire no decurso da história, da evolução natural, das relações sociais, etc. Uma consequência desta teoria é [...]a de que o seu conteúdo depende por sua vez do conteúdo natural, histórico, social, etc.

3) A origem da consciência moral pode ser atribuída a uma entidade divina [...].Supõe-se em tal caso que Deus depositou no homem a “centelha da consciência”, por meio da qual se descobre se um acto é justo ou injusto.»

4) A origem da consciência pode atribuir-se a uma fonte humana. Por sua vez, esta fonte humana pode ser concebida ou como natural, ou como histórica, ou como social [...].

Também se pode considerar que essa fonte é individual ou social.

5) O fundo do qual procede a consciência moral pode ser racional ou irracional. Estas duas posições combinam-se com qualquer uma das anteriores, dependendo da ideia que se tiver da estrutura racional ou irracional das respectivas fontes.»

 

Mora, J. F., Diccionario de Filosofia I, Buenos Aires, Ed. Sudamericana, 1969, pp. 326-327


rotasfilosoficas às 18:18

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Quinta-feira, 18 de Março de 2010

O valor da Arte

 

 
 
«A arte não é expressão de nada, a não ser de si mesma. Tem uma vida independente, tal como o Pensamento a tem, e desenvolve-se estritamente por caminhos próprios. Não é necessariamente realista numa época de realismo, nem espiritual numa época de fé. Longe de ser uma criação do seu tempo, está normalmente em posição frontal a ele, e a única história que preserva para nós é a história da sua própria evolução. Por vezes, retrocede sobre si mesma, e faz reviver alguma forma antiga, como aconteceu como o movimento arcaizante da arte grega tardia, ou no movimento pré-rafaelita dos nossos dias. Noutras alturas, antecipa por completo a sua época, e produz num dado século obras que exigirão um outro século para serem percebidas, apreciadas e fruídas. Em circunstância alguma reproduz a sua época. Passar da arte de uma época à época em si é o grande erro que todos os historiadores cometem.
A segunda doutrina é esta. Toda a má arte nasce de um retorno à Vida e à Natureza, e da elevação destas a ideais. A Vida e a Natureza podem por vezes ser usadas como parte da matéria-prima da Arte, mas, antes de constituírem um benefício real para ela, têm de ser traduzidas em convenções artísticas. No momento em que a Arte abandona o seu meio imaginativo, abandona tudo. Como método, o Realismo é um fracasso completo, e as duas coisas que todo o artista deverá evitar são a modernidade da forma e a modernidade de assunto. Para nós, que vivemos no século XIX, qualquer século, excepto o nosso, é assunto adequado à arte. As únicas coisas belas são as coisas que não nos dizem respeito. Para ter o prazer de me citar a mim próprio, é exactamente porque Hécuba não nos é nada que os seus infortúnios são um tema tão adequado a uma tragédia. Para além disso, só aquilo que é moderno poderá, alguma vez, passar de moda. O Sr. Zola senta-se para nos dar um retrato do Segundo Império. Quem quer saber hoje do Segundo Império? Passou do prazo. A Vida anda mais depressa do que o Realismo, mas o Romantismo anda sempre à frente da Vida.
A terceira doutrina é que a Vida imita a Arte muito mais do que a Arte imita a Vida. Isto resulta não apenas do instinto imitativo da Vida, mas do facto de o fim confesso da Vida ser o de encontrar expressão, e de a Arte lhe oferecer algumas forma belas através das quais poderá realizar a sua energia. Esta é uma teoria nunca antes exposta, mas que é extremamente fértil, e lança uma luz inteiramente nova sobre a História da Arte.
Segue-se como corolário disto que também a natureza exterior imita a Arte. Os únicos efeitos que é capaz de mostrar-nos são efeitos que víramos antes na poesia, ou em pinturas. É este o segredo do encanto da Natureza, bem como a explicação da sua debilidade.
A revelação final é que Mentir, o enunciar de coisas belas e falsas, é o verdadeiro fim da Arte. Mas disto creio ter dito que chegue. E agora vamos até ao terraço, onde "cai o pavão branco de leite como um fantasma", enquanto que a estrela da tarde "deslava de prata o entardecer". Ao crepúsculo, a natureza adquire um efeito maravilhosamente sugestivo, e não é desprovida de encanto, embora, talvez, a sua função principal seja a de ilustrar citações dos poetas. Anda! Já falámos que chegasse.»
 

Oscar Wilde, Intenções: Quatro Ensaios Sobre Estética, Cotovia, Lisboa, 1992, pp. 50-52


rotasfilosoficas às 19:26

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Quinta-feira, 4 de Março de 2010

Ciência e paradigma segundo Thomas Khun

 
«Segundo Thomas Kuhn, observam-se na história da Ciência dois tipos de fases diferentes, a fase “normal” e a fase “revolucionária”, de acordo com a terminologia deste autor. A ciência normal mantém-se em actividade enquanto todos os que intervêm em determinado campo científico aceitam como verdadeiros o fundo metafísico e os métodos adequados para conduzir à pesquisa científica. Em tais circunstâncias, os cientistas actuam dentro de um “paradigma”, limitando-se a solucionar os problemas definidos por tal paradigma.
Durante a fase revolucionária da Ciência, pelo contrário, os paradigmas de conformidade com que os cientistas trabalharam comodamente até aí começam a perder força, tanto nas mentes como nos métodos da comunidade. A teoria metafísica deixa de se mostrar convincente (os átomos materiais, por exemplo, poderão substituir-se por pressupostos de campos de força); os métodos comuns começam a produzir resultados anómalos e a proporcionar menor número de soluções credíveis para os problemas. A pesquisa científica modelar que esteve na base do paradigma e que, como ideal, constituiu o centro do período normal da Ciência, cessa de dominar a prática da comunidade. Surge assim um novo paradigma.
A mais importante afirmação de Kuhn é a de que a passagem de um paradigma para outro não é explicável nos termos racionalistas da Filosofia da Ciência tradicional, por exemplo, através da refutação experimental de uma consequência pelas teorias anteriores. O ponto de vista para os que operaram em conformidade com o amigo paradigma seria opaco para os que aceitaram o novo, e vice-versa.»
 
Ron Harré, As Filosofias da Ciência
 

 
«Dado que novos paradigmas nascem dos antigos, normalmente incorporam muito do vocabulário e aparato que o paradigma tradicional tinha empregue. Mas eles raramente empregam estes elementos emprestados exactamente no sentido tradicional. Dentro do novo paradigma, velhos termos, conceitos e experiências entram em novas relações entre si. O resultado inevitável é o que devemos chamar um desentendimento entre duas escolas diferentes. Os leigos que riram da teoria geral da relatividade de Einstein porque o espaço não podia ser «curvo» não estavam simplesmente errados ou enganados. Nem o estavam os matemáticos, físicos e filósofos que tentaram desenvolver uma versão euclidiana [tradicional] da teoria de Einstein. O que se entendia anteriormente por espaço era necessariamente plano, homogéneo e não afectado pela presença de matéria. Se não o tivesse sido, a Física de Newton não teria funcionado. Para fazer a transição para o universo de Einstein, toda a rede conceptual cujos fios são o espaço, o tempo, a matéria, a força, etc., tinha de ser alterada. A comunicação entre os campos divididos pela linha revolucionária é inevitavelmente parcial. Considere-se, como outro exemplo, os homens que chamaram louco a Copérnico porque ele declarou que a Terra se movia. Eles não estavam simplesmente errados. Parte do que eles queriam dizem com «Terra» era uma posição fixa. A Terra deles, pelo menos, não podia mover-se. De modo correspondente, a inovação de Copérnico não foi simplesmente fazer a Terra mover-se. Foi, sim, toda uma nova maneira de olhar os problemas da Física e da Astronomia, que necessariamente mudou o sentido tanto de «Terra» como de «movimento». Sem essas mudanças, a ideia de uma Terra em movimento era louca.»
 

Thomas Kuhn


rotasfilosoficas às 19:12

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