Este espaço comunicativo foi pensado com o propósito de facultar a todos os interessados um conjunto de reflexões e recursos didácticos relativos ao ensino das disciplinas de Filosofia e Psicologia, acrescentado com alguns comentários do autor.

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Quinta-feira, 19 de Junho de 2014

Sobre o conceito de Dislexia

  

  

 

Ao escutar as palavras iniciais da preletora e autora do Método Fonomímico, Prof.ª Paula Teles, fomos conduzidos durante alguns ensejos a uma viagem histórica e hermenêutica da palavra “dislexia”, e é precisamente sobre esse conceito que redigirei seguidamente algumas linhas.

Primeiro, o termo, e como se pode comprovar num qualquer dicionário académico ou online, deriva do grego Δυσλεξία, isto é, dis = dificuldade, distúrbio, + lexis = palavra), e é caracterizado como uma “dificuldade na área da leitura, escrita e soletração”. Ou seja, e como ficou bem patente, a dislexia não é uma doença, mas sim uma dificuldade da aprendizagem específica da leitura e é caracterizada por “obstáculos” na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência na leitura e na ortografia, não sendo o resultado de um baixo Q.I., como já ficou cientificamente demonstrado.

 

Após esta breve explanação, a autora do Método Fonomímico, Prof.ª Paula Teles, apresentou aos presentes a evolução do conceito/termo “Dislexia”, sendo que foi em 1887 usado pela primeira vez pelo oftalmologista alemão, Berlin, para descrever o caso de um paciente adulto que, após um acidente vascular cerebral, perdeu a capacidade de ler, apesar de ter mantido a visão, a linguagem e a inteligência. Quase uma década depois, 1896, o pediatra inglês, Pringle-Morgan, usou o termo “Cegueira Verbal Congénita”, para descrever o caso de um jovem de 14 anos que, apesar de ser inteligente, exibia uma incapacidade para a linguagem escrita. Já em 1937, o americano Samuel Orton, desenvolveu um trabalho de grande relevância e deixou-nos o conceito de “Alexia do Desenvolvimento”, para além de ter preconizado já uma intervenção terapêutica “individualizada, multissensorial, estruturada, sistemática, sequencial e cumulativa”. Contudo, trinta e um anos mais tarde, a Federação Mundial de Neurologia (1968) decide-se então pela adoção do termo “Dislexia do Desenvolvimento” e define-a da seguinte forma: “é uma perturbação que se manifesta por dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar das crianças serem ensinadas com métodos de ensino convencionais, terem inteligência normal e oportunidades socioculturais adequadas. Os problemas são causados por défices cognitivos básicos que são frequentemente de origem constitucional”. Apesar destas inovações, em finais do século XX, esta descrição é “reajustada” no/pelo Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM-4,1994), que compreende pela primeira vez a dislexia nas perturbações de aprendizagem e usa a designação de “Perturbação da Leitura e da Escrita” e estabelece critérios de diagnóstico. No entanto, no DSM-5 (2011), a dislexia surge como uma perturbação da/na aprendizagem e apresenta 6 formas de diagnóstico específicas: 1. desordem na leitura das palavras; 2. desordem na fluência da leitura; 3. desordem na compreensão da leitura; 4. desordem na expressão escrita; 5. desordem no cálculo matemático; 6. e desordem na resolução de problemas de matemática.

 

Ora, face ao enorme avanço científico e às descobertas já feitas, ainda assim hoje estima-se que esta perturbação afete cerca de 10% a 15% da população mundial, e apesar da mesma anunciar causas hereditárias e congénitas, ela ocorre claramente após a entrada da criança na escola, isto é, durante a sua alfabetização, apesar de alguns dos seus sintomas já poderem ser percetíveis anteriormente. É precisamente aqui que o Método Fonomímico de Paula Teles intervém, pois nas palavras da sua autora, é incompreensível deixar estas crianças disléxicas ao abandono e não lhes possibilitar uma intervenção educativa especializada e adequada às suas dificuldades específicas, tais como: dificuldades subtis de discriminação de sons, não-associação dos símbolos gráficos com as suas componentes auditivas, confusão de sílabas iniciais, intermédias e finais; problemas de perceção auditiva; problemas de articulação, etc., e são precisamente estas dificuldades que o Método Fonomímico de Paula Teles procura diligenciar com as crianças.

 

Miguel Alexandre Palma Costa


rotasfilosoficas às 22:53

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