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Quarta-feira, 21 de Março de 2018

Há Futuro?

 

Futuro.jpg

 

O conhecimento das ciências diz-nos que o ser humano é o único ser que sabe (tem consciência) que há futuro, e que ele pode ser pior ou melhor do que o presente, sendo que tal depende, em certa medida, da sua ação ou inexistência dela.

 

Ora, saber isto implica imaginar, planear, considerar o que deve ser feito, isto é, pensar o futuro, arquitetar antecipadamente – com toda a dúvida e/ou incerteza esperada – aquilo que tememos e esperamos no porvir, com todas as evidências possíveis do passado e presente, e o ser humano está apto (e deve) a fazê-lo constantemente.

 

A nobre atividade política tem, precisamente, como tarefa principal estabelecer a mediação entre aquilo que é o legado do passado, as prioridades do presente e os desafios (projetos/impulsos) do futuro, um futuro coletivo de esperança e confiança para todos os cidadãos. Por outras palavras, àqueles que exercem cargos políticos exige-se a construção de uma visão, linhas de orientação precisas, definição de objetivos/metas globais que norteiem um fim/rumo – e a vida – neste caso, de todos os portugueses.

 

Contudo, na atual política nacional – e regional – o futuro tem maus patronos e padece, infelizmente, de uma debilidade crónica. Isto é, os representantes dos cidadãos no sistema democrático nacional vigente estão inteiramente absorvidos pelo presente e ocupados com uma agitação político-partidária superficial cheia de cínico oportunismo – se quisermos, a assegurarem a sua continuidade e o seu “bem-estar” – que substitui a indispensável necessidade de delinear um horizonte mais ambicioso, motivador/atrativo e de efetiva transformação na linha de um progresso que se pretende, por uma lógica do curto prazo, do agora, dos resultados imediatos, do tomar o poder pelo poder sem qualquer ação e responsabilização pelo futuro.

 

Na Região (mas também em Portugal continental e na União Europeia) não há presentemente um desígnio comum; não há um projeto pensado, sólido e credível de nos revolucionarmos individualmente e de transmutarmos o país; não há uma visão e missão que signifique – e apele – a uma confiança no futuro e uma segurança e crença em nós próprios!

 

É justamente neste contexto que se inscreve (e também da qual resulta) a falta de ambição (e sonho) coletiva da sociedade portuguesa. A nossa democracia está presa numa conceção do instantâneo, do imediato, subordinada ao momento presente – está agora deslumbrada com os ‘novos’ sucessos económicos e financeiros mas eles não chegam; os cidadãos e o país exigem mais – aos ciclos e prazos eleitorais, às decisões políticas da atualidade e há ausência de projetos que nos submetem invariavelmente à tirania do presente. De um modo mais simples, grande parte da nossa classe política vive de acordo com a lógica da sobrevivência, da rápida adaptação à mudança e ao dia-a-dia, do caso concreto, daquilo que é notícia, do que é comentado na praça pública, do post nas redes sociais, ou seja, limita-se a gerir o presente – que “é dono e senhor” – mas não prepara (e pensa) o futuro.

 

Estão longe dos horizontes – e do interesse geral dos políticos – projetos do longo prazo, decisões que não tendam tanto a resolver situações do imediato mas a configurar investimentos, transformações e/ou reestruturações que não sejam conjunturais mas estruturais; estão excluídos grandes projetos como a Educação, Justiça, Saúde, Ciência e Tecnologia, o modelo de Segurança Social, a política Energética e Ambiental, a reforma da Administração Pública, a reforma do Sistema Político, etc.… tudo isto são assuntos para uma outra vontade política, para outro tempo que não o imediato, pois este está sujeito a cálculos e a um comportamento e ritmo eleitoral que não se coaduna com algo que não vivemos e não conhecemos: o futuro.

 

Assim, o futuro deixou de ser objeto relevante na agenda política e de mobilização social; ele está muitas vezes em contradição com os objetivos/metas de curto prazo, com os interesses do imediato, com os resultados e dados obtidos nas sondagens de opinião.

 

Em suma, o futuro está hoje hipotecado e já ninguém se preocupa com ele. Pior, os precedentes e atuais atores políticos agem como se não houvesse o “depois de amanhã”. Refrescando as palavras de Fernando Pessoa, não têm “o privilégio de entender o futuro” na medida em que não estão preparados para o criar!

 

 

Miguel Alexandre Palma Costa


rotasfilosoficas às 19:59

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