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Domingo, 10 de Novembro de 2024

O poder perde-se

 

A. Costa - Poder.jpg

 

1. O sistema democrático, depois de séculos de experimentação de outras (e “desastrosas”) formas de organização política, é aquele que melhor permite o controlo do poder e dos seus excessos, mas também definir com rigor e precaução o papel (e estatuto) do governante, dos partidos políticos, das instituições, … dos cidadãos livres (e participantes) na gestão da res publica (coisa pública, o Estado e sua administração) e das relações existentes entre eleitos e eleitores. A relação de poder – assente na confiança recíproca, na busca do ‘Bem Comum’ e numa colaboração que se deseja benéfica para todos – é a essência da democracia, sistema político que permite em qualquer altura uma variação (alternância) nas posições ou cargos ocupados e o acesso de todos os cidadãos ao poder, isto na medida em que as democracias aumentam (ou devem ampliar) o poder, os direitos e liberdade(s) de cada cidadão.

 

2. O Poder não deve ser entendido como algo objetivo que alguns (os eleitos) possuem e outros (nós, os eleitores) não, mas sim como algo que emerge no contexto de uma relação interdependência entre os cidadãos, na medida em que alguém tem o controlo sobre o acesso a recursos (e sua distribuição) que são valorizados por todos, conseguindo assim influenciar as suas ações e vidas. São as opções (políticas) de uns que determinam o tipo e a qualidade de vida de muitos outros, e para que o Bem de todos seja alcançado é importante manter-se aquilo a que muitos chamam uma base de interesses comuns.

Em Portugal, e particularmente no arquipélago da Madeira, os últimos governos eleitos têm conseguido segurar o poder (político), mas não têm sabido gerir eficiente e eficazmente os recursos materiais, económicos, financeiros e humanos disponíveis na atual (e difícil) conjuntura, e parecem, aos olhos de uma larga maioria de eleitores que agora vota noutras forças partidárias mais radicais, ter interesses discordantes dos madeirenses e porto-santenses (talvez, dizem uns quantos cidadãos, os seus proveitos pessoais e a preservação no poder).

A liderança política dos últimos anos tem sido pouco competente, nada entusiasmante e bastante limitada na capacidade de agir/intervir no sentido de fazer prosperar, de modo significativo, a vida das famílias madeirenses e porto-santenses, para não mencionar o facto de que quem exerce a máxima autoridade política executiva está neste momento profundamente diminuído do ponto de vista ético e mediático uma vez que é indiciado de vários crimes, assim como três dos seus atuais Secretários Regionais envolvidos na investigação judicial "AB INITIO".

 

3. O exercício do poder (quase hegemónico) por parte de uma só força política durante mais de 48 anos deixou marcas na vida coletiva madeirense, mas também nas atuais lideranças. Entre 1976 e 2015, o PSD-Madeira ganhou (e governou) com maioria absoluta 11 atos eleitorais, e foram justamente aquelas que se realizaram no dia 29 de março de 2015 as únicas (e últimas) que o atual (e ainda) líder do partido venceu com uma maioria de 24 de deputados eleitos. Nesse ano foi também singular a excelente votação do CDS-PP, superior à obtida pela coligação “Mudança”, formada pelo PS-PTP-PAN-MPT, que uns quantos teoricamente julgavam ser uma alternativa credível. Ora, o povo já não se deixa enganar facilmente e não vota “em rebanho”, isto é, os votos já não são decididos por terceiros, apesar da feira e do animado “leilão de promessas”, na altura da campanha eleitoral, ainda conseguir enganar os mais distraídos. A utilização de todos recursos possíveis e imaginários por parte dos grandes partidos políticos visa exclusivamente a conquista e posterior exercício do poder. Resolver efetivamente os problemas dos cidadãos é uma questão de menor importância.

 

4. O desgaste, alguma debilidade e já notória falta de energia/motivação do atual líder do Governo Regional (não esquecendo também uma certa dose de “arrogância política, excessos e vaidade”) – que mais não tem sido ultimamente do que um “gestor de crises/casos/escândalos”, em vez de implementar reformas essenciais e estruturais para o futuro dos madeirenses e porto-santenses –, mostram que 9 anos no comando de um partido político e de uma Região deixam marcas profundas no timoneiro, mas também numa terra que vê o seu futuro (e sobretudo da sua população mais jovem) comprometido. Um timoneiro cansado, moído, desorientado, com “síndrome de Hybris” e desafortunado com o que o percurso lhe tem reservado nos últimos anos, tem feito com que a nau ande agora à deriva e parece já não ter a capacidade requerida para encontrar um rumo certo para a Região.

 

5. O exercício de uma qualquer atividade política (ou cargo público eletivo) restringe-se, ou melhor, digo eu, deveria limitar-se, num (ou em alguns) momentos de natureza temporária em que alguém decide dar o seu contributo – e o melhor de si – à causa pública. Ser Presidente, Ministro, Secretário de Estado, Presidente de Câmara, Deputado… não é nem deve ser uma profissão. Não se “é” ministro ou deputado; “está-se” temporariamente na condição de ministro e/ou de deputado. Bem sei que há quem se mantenha no exercício destas funções por várias décadas – não prezo particularmente o termo “carreira política” –, mas não comparticipo nem dessa intenção nem desse entendimento. A política até pode ser uma vocação, mas não deve ser uma profissão e a consequência disto e de outros fatores negativos, nos últimos tempos, tem sido o afastamento cada vez maior da atividade política ativa dos políticos “com profissão”, pessoas altamente competentes em diferentes áreas/sectores da sociedade que se demonstram cada vez menos disponíveis para trilharem o percurso desta arte e atividade, mesmo que seja por um curto espaço de tempo.

 

6. Quase meio século de uma ditadura onde foi dominante a perspetiva concentracionária do poder – modelo implementado em Portugal por António de Oliveira Salazar –, onde a sua essência era procurar manter, “conservar”, assegurá-lo através de todos os meios que o Estado punha ao dispor do líder, deixou, seguramente, sintomas e padrões de comportamento em muitas gerações de portugueses. Se em Portugal os mais novos não sabem o que é viver sem liberdade e muito menos o que tolerar é um regime político que os oprime, gerações mais avançadas na idade parecem ter colocado impedimentos/limitações ao uso desta mesma liberdade porque viveram sem ela (com censura e com uma polícia com funções de vigilância político-social) durante quase 50 anos. Não dão opinião sobre vários assuntos e uma certa dose do medo do passado acompanha-os, mesmo que inconscientemente.

 

7. Escolhemos os nossos políticos e governantes para que eles transformem as sociedades para melhor e para que sejamos cidadãos felizes. Contudo, após chegados ao poder, são eles que mudam e acomodam-se ao poder e aos louvores e benesses que dele advém (para muitos, alcançar e ter poder é um vício insaciável). Infelizmente, são vários os políticos que, sem grande virtude intelectual e ética para se adaptarem à complexidade das circunstâncias, acabam por falhar na sua missão e cair no alheamento da realidade, no excesso de confiança, na convicção de não terem de prestar contas a ninguém (por exemplo, à opinião pública), ou seja, na soberba, na cegueira, no fingimento, na mentira… e por último, também a queda do poder. Sim, “o poder não é eterno” – tal como nenhum cargo é eterno –, e mais tarde ou mais cedo perde-se, e normalmente quem está por perto acaba por apanhá-lo. Esta também é uma das (boas) consequências da democracia, alguns tiveram a sua oportunidade, mas depois desperdiçam-na.

 

 

Miguel Alexandre Palma Costa

(in DN-Madeira, https://www.dnoticias.pt/2024/10/25/424743-o-poder-perde-se/)

 


rotasfilosoficas às 12:42

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