Precisamente na data em que se comemora o Dia Mundial do Professor, avista-se mais uma greve "parcial" de professores a partir de 2 de Novembro.
Ora, este é seguramente o resultado/consequência de censuráveis políticas que conduziram ao estado (motivação, estatuto, conjuntura...) em que se encontra hoje a classe docente e a escola pública.
Chegamos todos aqui (em grande parte por culpa própria), porque a escola e o exercício da profissão deixou de ser "livre"; a política educativa nacional e a escola estão hoje prisioneiras de pseudoelites que se julgam insubstituíveis nos seus cargos e professam um pensamento único desencorajador do mais alto valor humano: a liberdade. O docente é hoje cada vez mais um "Yes Men", um ser destituído de pensamento próprio, um vulgar colaborador de uma instituição (burocrata) que em muitos casos já perdeu o norte do seu trilho...
Nesta medida, poucos são aqueles também a quem poderemos ainda chamar de verdadeiros "mestres", génios, referências ou bússolas para os alunos, pois a carga burocrática preenche-lhes hoje todo o seu pensamento e tempo, e afasta-os quase por completo da verdadeira e nobre vocação que outrora abraçaram: o despertar nas mentes dos seus aprendizes as novas ideias que povoarão o mundo de amanhã! O que nos é solicitado é que cumpramos os preceitos/normas estabelecidos(as), que respeitemos a regra, que abracemos os modelos já (mais que) testados e que sigamos as orientações daqueles que são os líderes.
Por outras palavras, a "essência" do que é ser professor sofreu um persevero e duradouro ataque nos últimos anos, ao qual é preciso subsistir e responder, pois, como bem lembra José Luís Peixoto, "um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança. Vemo-los a dar forma e sentido à esperança de crianças e de jovens, aceitamos essa evidência, mas falhamos perceber que são também eles que mantém viva a esperança de que todos necessitamos para existir, para respirar, para estarmos vivos. Ai da sociedade que perdeu a esperança. Quem não tem esperança não está vivo. Mesmo que ainda respire, já morreu".
Miguel Alexandre Palma Costa
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