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Quinta-feira, 9 de Julho de 2020

A tarefa da Filosofia hoje

 

 

Filosofia.jpg

 

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) instituiu, em 2002, que a celebração internacional do Dia (Mundial) da Filosofia seria na terceira quinta-feira do mês de novembro, portanto, este ano, no dia 21 do mês apontado.

 

Mas, pergunto, o que é – e qual a tarefa – a Filosofia nos dias de hoje? Porquê ainda a sua necessidade (e valor) e qual a diferença relativamente ao momento em que surgiu, pela primeira vez na China, no Oriente Médio e depois na Grécia Antiga, no século VIIº a.C.?

 

A Filosofia foi no passado (e continua a ser) uma atividade do pensamento/reflexiva, que se desenvolveu a partir da necessidade do Homem entender o mundo ao seu redor e de identificar princípios, máximas que orientem as suas decisões e ações. Ora, esta exigência e vontade não é hoje menos pertinente do que naquele tempo! Os grandes problemas, as agigantadas questões e até a necessidade de (novas) ideias, na sua grande maioria, permanecem ainda ‘abertos/as’ a tentativas de resposta e a busca pela Verdade não perdeu (pelo contrário, até ampliou) a sua relevância e universalidade, num mundo cada vez mais dominado pela “mentira universal” (José Saramago), pela aparência, pelas sombras (Platão), pela massificação da manipulação numa (nova) era tecnológica e digital – dos metadados (a era do Big Data), onde os algoritmos influenciam decisões, prejudicam minorias e espalham fake news (notícias falsas), mas também solucionam problemas – que se prepara para a inteligência artificial (e novas fronteiras), e não é acompanhada ao mesmo ritmo por novas regras e valores.

 

Hoje, nesta sociedade moderna em que já está em marcha a 4ª revolução industrial, onde triunfou o capitalismo como sistema, a ‘civilização do espetáculo’, por outras palavras, “um mundo onde o primeiro lugar da tabela de valores é ocupado pelo entretenimento e onde divertir-se, fugir ao aborrecimento, é a paixão universal”, como evidencia o laureado com o Nobel de Literatura, Mário Vargas Llosa, precisa (e exige) da atividade crítica que é a Filosofia.

 

Num tempo de grande complexidade nas relações (e de tensões) entre as tradicionais e emergentes potências mundiais, incerto, em que o relativismo impera e simultaneamente se constroem e cristalizam novos dogmas, a Filosofia é agora mais útil do que nunca, pois só a verdadeira liberdade e autonomia do pensamento permitem não aceitar, sem uma cuidadosa análise e julgamento, a variabilidade das opiniões e imagens que diariamente são difundidas nos media e propagadas nas redes sociais – e nos obriga a repensar tudo isso para as sustentarmos com as melhores razões e/ou argumentos – , tudo aquilo que consumimos e absorvemos enquanto espectadores.

 

Vivemos novos tempos que são determinados por novas vontades, é um facto! Como o poeta escreveu: “muda-se o ser, muda-se a confiança: todo o mundo é composto de mudança” (Camões), mas a claridade e gentileza da Filosofia continua a ser um recurso fundamental e indispensável, pois “o pensado permanece invariável”, como bem afirmou Ortega Y Gasset, e ajuda a iluminar e a preparar o caminho adiante, o porvir.

 

É uma evidência que no passado recente tivemos momentos menos favoráveis à Filosofia, até menos generosos para a própria humanidade, como proclamam hoje alguns especialistas na narrativa histórica contemporânea, mas precisamos agora de regressar e revigorar este saber que é simultaneamente uma ferramenta que ajuda a entender (e sintetizar) as múltiplas esferas da humanidade e da realidade, desde áreas como as da Ciência, Religião, a Arte, passando pelo Direito, Economia, etc., e até mesmo a Política. Contudo, a tarefa da Filosofia não se fica apenas pela construção de um conhecimento ou visão do mundo sem ilusões (Fernando Pessoa afirma que “aos poetas e aos filósofos compete a visão prática do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões”). O seu exercício, a sua práxis, contribui para algo mais e profundamente indispensável na atualidade: a edificação de uma sociedade mais tolerante, plural, democrática, respeitadora, criativa/inovadora – pois faz despontar novas ideias – em suma, uma sociedade mais livre, justa, sustentável, onde vigora a paz e decisivamente com futuro!

 

 

Miguel Alexandre Palma Costa

(Texto publicado no Diário de Notícias da Madeira, 20.11.2019)


rotasfilosoficas às 10:35

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