A geração X (que compreendia, a meio da década que findou no início de 2020 cerca de 2 mil milhões de pessoas) – aquela em que me insiro, pois vim ao mundo em 1976 – abrange os nascidos entre 1965 e 1981, já viveu, em média, meio século e assistiu, resistiu e reagiu a fenómenos tais como:
- uma recessão mundial, após a crise do petróleo de 1973, quando a OPEP triplicou o preço do barril do crude;
- o escândalo político americano “Watergate” (1974);
- a “Revolução dos Cravos” (25 de Abril de 1974) e à independência das colónias portuguesas;
- o fim da Guerra Fria (1945-1991);
- a guerra entre a ex-União Soviética e a resistência Mujahideen no Afeganistão (1979-1989);
- a guerra entre o Irão e o Iraque (1980-1988);
- a guerra das Malvinas, entre a Argentina e o Reino Unido (de 2 de Abril de 1982 e 14 de Julho de 1982);
- a primeira “Intifada” na Faixa de Gaza e na Cisjordânia (1987)
- a guerra de Nagorno-Karabakh, entre o Azerbaijão e a Arménia (1988-1994);
- o protesto estudantil na Praça da Paz Celestial (Tian'anmen), a 4 de junho em 1989;
- a decisão do ex-presidente americano, Ronald Reagan, de instalar misseis nucleares de médio alcance na Europa Ocidental;
- o acidente/desastre de Chernobil, entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, no reator nuclear n.º 4;
- o assassinato de John Winston Ono Lennon, co-fundador dos Beatles (8 de dezembro de 1980);
- a descoberta do síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), em 1981;
- o atentado contra Karol Józef Wojtyła, Papa João Paulo II (1981);
- a queda do Muro de Berlim (9 de Novembro de 1989);
- a primeira Guerra do Golfo (de 2 de agosto de 1990 a 28 de fevereiro de 1991);
- o fim do apartheid e a eleição de Nelson Mandela como primeiro presidente negro da África do Sul (1994);
- a um genocídio no Ruanda – de grupos étnicos tutsi, twa e de hútus – entre 7 de abril e 15 de julho de 1994;
- a um conflito armado (e massacre étnico) na região da Bósnia e Herzegovina, entre abril de 1992 e dezembro de 1995;
- a um conflito bélico na Chechénia, após a sua declaração de independência, e que durou entre 1994 a 1996;
- a devolução, por parte do Reino Unido, de Hong Kong à República Popular da China (1997);
- a devolução de Macau, por Portugal, à China (20 de dezembro de 1999);
- os ataques ou atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, contra alvos estratégicos nos EUA, por parte da organização terrorista al-Qaeda;
- o nascimento do Euro (€), a nova moeda oficial da zona Euro), constituída por 19 dos 27 estados-membro da União Europeia:
- o surgir do Síndrome respiratória aguda grave (SARS,) em 2002, uma doença respiratória viral de origem zoonótica causada pela infeção com o coronavírus (SARS-CoV);
- a independência de Timor-Leste, após o fim da ocupação militar por parte da Indonésia que durou mais de duas décadas (2002);
- uma segunda guerra e invasão do Iraque em 2003, que começou a 20 de março e terminou no dia 1 de maio do mesmo ano;
- um sismo, seguido de tsunami, no Oceano Índico (dezembro de 2004), que causou a morte a mais de 230 mil pessoas em 14 países da região;
- o furacão Katrina, cujos ventos alcançaram mais de 280 km/h e causaram enormes prejuízos em Nova Orleans (agosto de 2005), de donde foram evacuadas mais de um milhão de pessoas e resultaram 1836 mortes diretas;
- o eclodir da crise financeira de 2007–2008, precipitada pela falência do banco de investimento Lehman Brothers, que originou um efeito dominó/contágio a outras importantes instituições financeiras internacionais ("crise dos subprimes");
- uma guessa Russo-Georgiana (Ossétia do Sul), que durou cinco dias e que deflagrou em agosto de 2008;
- o ciclone Nargis, em 2008, que deixou na nação do sudeste asiático, Mianmar, 136 366 mortos;
- a tomada de posse do primeiro presidente negro do EUA (o 44º), Barack Obama, a 20 de janeiro de 2009;
- a chegada da primeira pandemia do novo milénio, a gripe A (inicialmente designada por “gripe suína”), em abril de 2009, mas cujos primeiros casos surgem no México, em março;
- a eleição da primeira mulher como presidente do Brasil, Dilma Rousseff (2010);
- a “Primavera Árabe”, uma espécie de onda revolucionária onde manifestações e protestos emergiram um pouco por todo o Médio Oriente e Norte da África (dezembro de 2010);
- a captura e morte do líder e ditador líbio, Muammar Mohammed Abu Minyar al-Gaddafi (2011);
- a morte de Hugo Rafael Chávez Frias, o 56º Presidente da Venezuela, em 2013;
- a assinatura, por parte de 195 países, do Acordo de Paris, que impõe medidas de redução de emissão dos gases de efeito-estufa, a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2º C, procurando também criar as condições para um desenvolvimento sustentável (2015);
- a tomada de posse de Donald Trump como o 45º Presidente dos EUA, a 20 de janeiro de 2017;
- a chegada ao poder, e após a saída de Michel Temer, de Jair Bolsonaro como Presidente da República do Brasil (2019).
- a Câmara dos Representantes no EUA aprovar um impeachment, ao atual presidente Donald Trump, acusando-o de abuso de poder e obstrução ao Congresso.
E agora, já em 2020 – se formos mais precisos, em dezembro de 2019, mês em que a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, na província de Hubei (China), reportou os primeiros 27 casos de uma pneumonia de causa desconhecida –, ano em que surge, por confirmação do Centro de Prevenção e Controlo das Doenças da China, um novo coronavírus (SARS-CoV-2), causa da agora apelidada Covid-19 e declarada pandemia pela OMS…, esta mesma geração X, acompanha, vive, resiste e também luta – e vai evidentemente subsistir – contra este colossal problema, que é simultaneamente um desafio para toda a humanidade.
Somos ainda mais de mil milhões de pessoas e ultrapassaremos estes tempos difíceis tal como superamos outros até aqui! Afinal, nada se pode levar a efeito sem uma grande dose de otimismo! Juntos, seremos mais fortes que a Covid-19!
Miguel Alexandre Palma Costa
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