Cada um de nós vive sempre entre o ontem (ou o que já passou) e o amanhã (ou aquilo está por vir). É esta a forma como experienciamos o tempo (momento ou instante) presente.
Como seria se pudéssemos recordar o futuro, se conseguíssemos revivê-lo? Isso é irrealizável, dizemos nós.
A nossa vida seria suportável se não houvesse a incerteza do amanhã, do que está por vir? A resposta é obvia: claro que sim! É assim que todos funcionamos no dia a dia, apesar de alguns, quando vivenciam uma determinada situação, terem a impressão de que já viram aquilo antes e dizem que sabem, com uma “fração de segundos” de antecedência, o que vai acontecer (o “déjà-vu”, também conhecido e estudado na ciência). Não creio que alguém tenha tido qualquer “déjà-vu” relativo à pandemia da COVID-19 (e ao seu instante de eclosão e proporção) que estamos todos a tentar ultrapassar.
De facto, o poder do tempo é singular e extraordinário, e ele é capital nas nossas vidas. A Física diz-nos que ele é “operacional”, o “parâmetro que descreve a mudança de um sistema a partir de um estado”. Ora, presentemente ele parece-nos quase estagnado, paralisado, suspenso… talvez a palavra certa seja ‘dilatado’, pois os minutos parecem horas, os dias semanas e as semanas um mês inteiro. Porém, estamos todos ávidos de o acelerar para que tudo isto acabe o mais rápido possível e voltemos àquilo que denominamos "normalidade".
A forma como sentimos e experimentamos hoje o tempo é bem diferente de há 30 dias atrás. Por outras palavras, a passagem do tempo ganhou um novo sentido nas nossas sociedades ditas 'ultramodernas' (mas frágeis), e até nas coisas mais usuais que fazemos. O tempo da ciência, dos nossos relógios, de nossos sofisticados aparelhos de comunicação perdeu alguma ou muita da sua relevância. Inesperada e bruscamente, passámos a dar num novo (e outro) “sentido” ao tempo; passámos de um conceito abstrato a uma vivência e prova de resistência concreta, confinados nos nossos lares; fomos forçados a reavivar as nossas consciências de como o utilizar (convenientemente, espero!) e não o desaproveitar, pois nesta vida não estamos seguros nem um minuto.
Por último, que este estranho período que vivemos nos sirva também para aprender a aproveitar o tempo, um dos bens mais preciosos das nossas vidas!
Miguel Alexandre Palma Costa
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