Tem pouco mais de um ano que escrevi algures que os britânicos passam uma média de 4 horas por semana em reuniões, e metade do tempo dessas reuniões é desperdício.
Em Portugal, e sobretudo no sector onde trabalho (ensino), há reuniões para "quase" tudo e quase “nada”, e julgo que a percentagem do tempo desperdiçado é ainda maior.
As reuniões onde muitas vezes estou presente (de forma impositiva, por convocatória) raramente têm objetivos claros, por vezes - e sobretudo as gerais - têm gente a mais e o ruído é ensurdecedor, a discussão é quase nula, pois trata-se apenas de passar uma qualquer mensagem/argumento muitas vezes fraco e falacioso… Enfim, a dispersão acaba por ser inevitável e a eficiência das ditas reuniões é nenhuma.
Proponho então o seguinte: copiemos o modelo japonês: reuniões curtas, realizadas em pé, a obrigação de uma ordem de trabalhos manuscrita e entregue 48 horas antes aos intervenientes nas mesmas, e com duração máxima de 30 minutos.
Mais, proponho ainda que estas reuniões sirvam/tenham como principal objetivo desburocratizar o trabalho dos professores, facto muito presente nas nossas escolas ditas “autónomas” e que prejudica, obviamente, a motivação, o trabalho dos professores e a qualidade do ensino e das aprendizagens dos alunos.
Aliás, vários estudos apontam que a desmotivação (e o desgaste) no trabalho docente é devido, essencialmente, ao cresceste número e às “novas” tarefas atribuídas aos professores, à emergência de uma cultura competitiva e individualista e à produção excessiva de trabalho burocrático, tendo tudo isto como consequência um forte impacto nas atitudes dos professores e um cada vez maior número de docentes em burnout. Segundo um estudo recente do ISPA (Instituto Superior de Psicologia Aplicada), quase um terço dos professores do ensino básico e secundário, em Portugal, estão em burnout (“exaustão”), e de acordo também com um novo artigo/estudo, mais de 60% dos professores universitários sofrem de um estado de exaustão decorrente do stress do trabalho.
Ora, que outras medidas podemos adotar para inverter esta situação?
Miguel Alexandre Palma Costa
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