Num tempo atípico e difícil como aquele que atravessamos, marcado pela guerra no território da Ucrânia e por todos os seus efeitos “colaterais” em diversos pontos do globo (e ainda por uma pandemia que teima em persistir), é de louvar a iniciativa da ANP - Madeira com a realização desta VIIª Edição do Seminário: “Uma Escola em (Trans)Formação”, que para (nós) educadores e professores é mais um relevante (e útil) fórum de partilha e de debate das experiências realizadas na prática docente, nas díspares comunidades educativas da Região Autónoma da Madeira (RAM).
A palavra “inclusão”, do latim inclusio, significa ou remete para o “efeito de integrar”, compreender, incorporar, agregar, pertencer, em suma, o “ato de incluir” e não de excluir. No domínio da educação, todos compreendemos que este relevante valor (e apelo), tal como outros, é hoje uma necessidade e prioridade (cuja transformação) há muito se faz sentir.
A inclusão (melhor, uma escola e um modelo de educação inclusiva – conhecendo os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem dos alunos), é condição essencial para implementarmos um novo e pioneiro paradigma de ensino que, seguramente, vai promover a inovação, mas da mesma forma a diversidade, princípios a que se aliam novas ferramentas e plataformas tecnológicas/digitais que tornam mais fácil (e rápido) o aprender.
Na sua comunicação, o orador Rómulo Neves, professor da disciplina de Inglês numa escola do 2.º e 3.º ciclos do Funchal, exemplificou e demonstrou algumas das suas estratégias e o “como” implementou, na sala de aula, este desafio/estímulo da/para a inclusão, o quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para 2030 (de acordo com o Relatório de Monitorização Global da Educação 2020 – UNESCO), um problema/questão que nos instiga, apesar de todas as diferenças que possam existir entre os alunos, a “não deixar ninguém para trás”.
Apresentado o seu exemplo – que pode ser ajustado a qualquer sala de aula e nível de ensino – , foi elucidada uma das possíveis soluções para respondermos ao (ainda) atual modelo de ensino tradicional existente nas nossas escola e já obsoleto. (Em muitas das nossas salas de aula, os únicos instrumentos de trabalho do professor são, em variados casos, os mesmos do século XIX e XX, apenas um quadro negro e giz.) Lamentavelmente, as escolas e o sistema de ensino nacional continuam a ensinar e avaliar os alunos pela sua capacidade de informação repetida (“conformidade” e concordância) e não pela tentativa de resolução de problemas. Continuamos a não preparar os jovens para a incerteza, para o “arriscar”, errar/falhar, isto é, para novas formas de trabalhar, de inovar, para uma capacidade empreendedora, para o desenvolvimento de um pensamento independente, criativo, autoconfiante e crítico. Prorrogamos, infelizmente, também em discriminar os alunos em função do género, do local onde vivem, das condições económicas, das necessidades/deficiência que apresentam, da língua, do local de emigração/migração, orientação sexual, religião ou outras crenças e atitudes… muito por força do hábito, por falta de dados ou informação, e prosseguimos em não entender (e experienciar) o conceito de uma educação inclusiva.
Ora, para o bem ou mal, as sociedades evoluem a uma velocidade cada vez mais acelerada e muito do que foi acima mencionado tem de ser repensado e/ou corrigido. Acredito que a inclusão é possível e que os futuros modelos de ensino-aprendizagem irão ajustar o percurso e formas de aprendizagem à personalidade e estilo de cada aluno, ou seja, que os professores de amanhã irão conciliar o seu ensino à diversidade cultural dos seus alunos, aos materiais didáticos e aos ambientes de aprendizagem de que dispõem. Lembrando um importante filósofo grego e fundador do famoso “Liceu”, escola concorrente da “Academia” de Platão, o trabalho/missão de “educar não é cortar as asas e sim orientar o voo” (Aristóteles). O professor de Alexandre, ‘o Grande’, compreendeu bem (e cedo) todas as virtudes da educação e que esta leva em consideração as múltiplas faculdades que integram a natureza humana.
Por último, o futuro – e a grande missão dos educadores e das escolas – será tornar real a adaptação do ensino-aprendizagem à diversidade social e cultural dos alunos, pois só assim estaremos a construir uma sociedade em que todos desejamos viver e verdadeiramente justa e inclusiva.
Miguel Alexandre Palma Costa
(Reflexão apresentada para a Ação/Seminário: “UMA ESCOLA EM (TRANS)FORMAÇÃO”
21 de outubro de 2022)
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