Nos últimos meses tenho lido, observado, examinado, meditado e aprendido algumas coisas sobre o novo coronavírus (SARS-CoV-2), mas, particularmente sobre as várias e diferentes diretivas/orientações emanadas da OMS e da ‘nossa’ Direção Geral de Saúde. Confesso que estou cada vez mais “ababelado” com algumas delas.
- Em março, um dos primeiros estudos revelava que o vírus podia sobreviver no ar durante 30 minutos, resistir durante dias em cima de determinadas superfícies e deslocar-se pelo ar numa distância até aos 4,5 metros, acima dos 1 a 2 metros recomendados como distância segura pelas autoridades de saúde mundial (OMS). Mais, num ambiente fechado com ar condicionado (por exemplo, avião), a distância de transmissão do novo coronavírus “deverá ser maior do que a distância habitualmente considerada de segurança”… e o vírus, presente em gotículas, pode sobreviver dois a três dias em superfícies de materiais como vidro, metal, plástico ou papel. Esta duração, porém, dependerá de algumas condições como o tipo de superfície e a temperatura – os 37.º são apontados como a temperatura ótima para a sua sobrevivência.
- Em abril, um estudo preliminar da Universidade de Cambridge referia que as gotículas que transportam o novo coronavírus podem alcançar até seis metros no caso da tosse. No caso de espirros, o seu alcance pode ser dos 7 aos 8 metros, consoante a temperatura, humidade e fluxo de ar, um alcance muito maior do que o metro e meio a dois metros de distância física recomendados pelas autoridades de saúde (DGS, por exemplo).
- Em maio, ficamos todos a saber que fazendo uso da tecnologia de radiação ultravioleta (UV-C), validada a nível científico na eliminação de microrganismos, podemos “inativar” o novo coronavírus responsável pela Covid-19. David Brenner, especialista da Columbia University, disse que este tipo de “desinfeção” irá fazer uma grande diferença na higienização dos autocarros e metro de Nova Iorque, e “é muito eficiente na eliminação do vírus que causa a Covid-19”.
Ora, estamos atualmente a meio de julho e os epidemiologistas avisam já que haverá aumento exponencial de infetados a partir de outubro. No mês anterior, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, chamou a atenção para que a pandemia da Covid-19 está a crescer a um ritmo alarmante – “demorou três semanas, no princípio da pandemia, a atingir o primeiro milhão de infetados, mas agora houve mais de um milhão de infetados em apenas uma semana”. Também neste mês ficamos também a saber que uma carta rubricada por 200 cientistas alertava “de que há provas de que a Covid-19 se transmite por aerossóis”, e que a OMS confirmou.
Perante tudo isto, o nosso Governo autoriza os carrosséis a reabrir, mas a Direção-Geral de Saúde (DGS) não acede à reabertura dos parques infantis – “nem de perto nem de longe” – (as crianças devem brincar no modelo de “bolhas familiares”), nem dos salões de dança ou de festa, mas, e ao contrário do que sucedeu na França e Reino Unido, por cá reabriram-se as escolas para que os alunos fossem “preparados” e pudessem realizar os exames nacionais de acesso ao ensino superior, atualmente ainda a decorrer. Mas as surpresas não se ficam por aqui: na passada sexta-feira, a atual Diretora-geral da Saúde disse que quer um distanciamento “mínimo de um metro” entre alunos nas salas de aula, já no arranque do próximo ano letivo, a somar-se a “outros métodos barreira” como forma de prevenção de infeções pelo novo coronavírus (máscaras e disposição das carteiras), e tudo isto para que sejam seguidas as orientações internacionais. Quais delas, pergunto?
Bem, para quem faz a adição de toda estas ‘considerações’ e as relaciona/confronta com a realidade das últimas semanas, alcança inevitavelmente a uma conclusão: ou o novo coronavírus (SARS-CoV-2) é de facto muito perspicaz e sabe admiravelmente quem, onde e como infetar/contagiar, ou então somos muito “asnos” (uma boa maioria) e não entendemos nem a informação/conhecimento (alguma dela contraditória) difundida pelas organizações de saúde nacionais e internacionais, e nem queremos saber como prevenir/evitar a exposição a este novo coronavírus que já ceifou 1662 vidas em Portugal e cuja chegada da vacina ainda está num horizonte distante.
Miguel Alexandre Palma Costa
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